A NOVELA CONTINUA

QUEM VAI GANHAR AFINAL
NO NEGÓCIO COM O LECLERC?

O estranho negócio dos terrenos para a ampliação do E. Leclerc conheceu, recentemente, um novo episódio. Vale a pena recordar a história deste negócio.

LEMBRA-SE DO PROTOCOLO COM O E. LECLERC?
Para a maioria PSD na Câmara Municipal, as áreas de cedência, a pagar pelo loteador da zona, valiam 750 mil euros em Agosto de 2005. Efectivamente, era esse o montante que o E. Leclerc deveria pagar quando recebesse os terrenos destinados à ampliação do supermercado e que o município iria receber, como áreas obrigatoriamente cedidas pelo loteador da zona --- e um valor fixado num protocolo assinado entre o E. Leclerc e a Câmara Municipal.
No entanto, o negócio só seria concretizado quando o loteador levantasse o alvará de loteamento. De acordo com o tal protocolo, os 750 mil euros deveriam ser pagos “em espécie”, com um posto de transformação e o arrelvamento sintético de dois campos de futebol, no Parque do Bonito. Na votação ocorrrida na Câmara, só o Bloco se opôs a esta negociata.

“SE A CÂMARA VAI VENDER, ENTÃO VENDO EU…”,
Mais tarde, já em Dezembro último, verificou-se que afinal o protocolo havia “caído”. O loteador, de olho em melhor negócio, não chegara a levantar o alvará e propôs-se ser ele a pagar à Câmara as áreas de cedência… não as cedendo, para ser ele a fazer um bom negócio com o E. Leclerc. Como a maioria PSD aceita trocar todas as áreas de cedência por dinheiro --- a conversa PSD do “urbanismo de qualidade” é treta só para campanhas eleitorais --- , o negócio fez-se, com os votos exclusivos dos sociais-democratas.
O loteador também pagaria “em espécie”, com o tal arrelvamento dos campos de futebol e o posto de transformação --- mas já então por 1,125 milhões de euros. Isto diz bem do negócio que o PSD havia feito antes, com o famigerado protocolo, em que a Câmara aceitara receber menos 375 mil euros pelos mesmíssimos terrenos!

A ESTRANHA INFLAÇÃO NO PREÇO DA RELVA
Mas o “filme” não estava ainda completo. Numa recente sessão da Câmara, ficou a saber-se que, afinal, as áreas de cedência não irão ser pagas nem por 75º mil nem por 1,125 milhões de euros ---- mas por 1,200 milhões de euros. Ou seja, por mais 450 mil euros do que o negociado com o E. Leclerc há menos de dois anos!
Curiosamente, a liquidação do mais recente valor também será paga com o arrelvamento de dois campos de futebol e uns balneários. Deve ser galopante a inflação da relva sintética…

A NOVELA CONTINUA
À vista de todos, aqui está mais uma novela sobre a falta de rigor com que o PSD negoceia o património público e prejudica a comunidade local.
Ficaremos atentos aos próximos aos próximos episódios.
Quando é que, afinal, são executados os pisos sintéticos, agora que os loteamentos estão aprovados e as obras de infra-estruturas avançam resolutamente?
Quem avalizará o valor real desses investimentos, relativos a obras construídas sem concurso público e fora do plano anual de anvestimentos, aprovados pela Câmara e pela Assembleia Municipal?
Qual será o valor final do terreno que deveria ser público, enquanto área de cedência, e que, afinal, o loteador vai vender ou já vendeu ao E. Leclerc? Por que não é a Câmara Municipal a embolsar as previsíveis chorudas mais-valias desse negócio?
Tantas perguntas, tão poucas respostas.