quinta-feira, julho 06, 2006

A MENTIRA TEM PERNA CURTA:

RUBEN DE CARVALHO E OS "BONS VELHOS" MÉTODOS

Colunista do DN, o dirigente comunista Ruben de Carvalho escreve o seguinte: “Esta lei [do aborto] existe pela única e exclusiva razão de que os deputados do CDS e do PSD mas também os do PS e os do Bloco de Esquerda se recusam a fazer aquilo que têm inteira possibilidade e completa legitimidade para fazer: mudá-la.” RC mente descaradamente.
Nos seus comunicados sobre as condenações de Aveiro, tanto o PCP como o alter-ego PEV acusaram o Bloco de ser responsável pela condenação das mulheres a uma pena de prisão. Um dos porta-vozes do PCP no “Público”, Vitor Dias, tinha escrito o mesmo. Um comunicado do PCP, há alguns meses, apresentava uma foto de Francisco Louçã acusando-o de ser o responsável pelos julgamentos das mulheres em Portugal.


O IRREMEDIÁVEL SECTARISMO
O sectarismo é a doença senil da esquerda. A mentira também. Estas afirmações são mentirosas. O PCP afirma que o Bloco recusaria e teria rejeitado a alteração da lei. Pelo contrário, o Bloco foi o único partido – e não o PCP – a propor e a levar ao voto do Parlamento a continuação do trabalho de especialidade da lei descriminalizadora, que já foi aprovada na generalidade, depois de ter sido rejeitado o referendo. O Bloco apresentou ao voto uma lei para a descriminalização. O Bloco votou as leis do PS e do PCP para a descriminalização. Os votos do Bloco nunca falharam a nenhuma votação de nenhuma lei ou de nenhuma iniciativa que vá no sentido da descriminalização. Escrever que o Bloco se recusa a mudar a lei no parlamento é uma grosseira mentira.

O QUE O BLOCO NÃO FAZ, MAS FAZ O PCP
O que o Bloco não fez, ao contrário do PCP, foi juntar-se à direita para rejeitar o referendo. Porque é preciso que haja maioria no parlamento para votar a lei sem referendo – e os votos do Bloco e do PCP não são suficientes para isso. O PS impõe o referendo e, perante este facto, só há duas atitudes: ou juntar-se à direita para adiar o mais possível o referendo e portanto a solução do problema, o que o PCP tem feito, ou procurar que esse referendo se realize o mais depressa possível e nas melhores condições, o que o Bloco tem defendido. Mas que haverá referendo, disso não há dúvida.


UM PARTIDO QUE FOGE AO COMBATE NÃO TEM VALOR
Pode perceber-se que, perante a vitória tangencial do “não” no referendo não vinculativo anterior, haja na esquerda quem tenha medo do novo referendo. Porque pode permitir demagogia, pressões, ataques de sacristia – e isso tudo acontecerá certamente. Mas um partido que foge ao combate não tem valor. Argumentar que o campo do “não” está organizado, como o tem feito o PCP, só deve sugerir que o campo do “sim” se organize, e não que se fuja ao confronto, para depois chegar despreparado no dia do confronto. Fugir à responsabilidade não é responsável. Nem em nome do sectarismo e do medo.


Pedro Sales, in "Esquerda"

1 comentário:

Anónimo disse...

Que comédia… pura demagogia, dizer que um partido que com 85 anos de lutas não tem valor. O novo presidente de Portugal é Cavaco Silva, pela 1ª vez temos um presidente de direita, aquele que tantos criticam por ter chumbado a lei da paridade. Pois, todos sabemos, se este senhor lá está é devido a alguns partidos da esquerda não se terem mobilizado devidamente. E um destes partidos foi o BE, que partiu para estas eleições com um pé à frente e outro atrás, que parece que teve vergonha de apoiar o seu candidato. Não vi uma propaganda nas ruas, não vi manifestações de apoio, a não ser nos últimos dias… Não vi vontade de levar as eleições à 2ª Volta.

Esta lei podia ser discutida AR, mas o PS não tem uma posição oficial sobre o assunto, então, vamos leva-la a referendo para fugirmos às responsabilidades. O BE foi atrás, lá terão as suas razões.

O que é certo é que com todas estas excitações, pessoas são julgadas por crimes relacionados com o aborto e mulheres sem condições económicas continuam a fazer abortos sem condições em “clínicas” caseiras, arriscando as suas vidas.