quarta-feira, abril 25, 2007

SESSÃO DO 25 DE ABRIL PROMOVIDA PELA ASSEMBLEIA MUNICIPAL

" O 25 DE ABRIL E O QUE ELE REPRESENTA SÃO TAMBÉM O NOSSO TEMPO!"

- afirmou Carla Roma Oliveira, em nome do Bloco de Esquerda, na sessão solene do 25 de Abril, na Assembleia Municipal do Entroncamento

Transcrevemos a seguir a intervenção completa da jovem deputada municipal bloquista. Os subtítulos e os sublinhados foram colocados exclusivamente para esta edição, em blogue.


Muitos de nós, que ainda não havíamos nascido em 74, guardamos do 25 de Abril as memórias que herdámos dos nossos pais e da geração anterior à nossa.
O que nos chega, por vezes em imagens redutoras, são os relatos de um tempo exaltante, em que caiu uma ditadura asfixiante e velha de 48 anos e em que se abriram as portas da Liberdade, para uma nova era mais clara e mais límpida.
Mais do que um simples golpe de estado, o 25 de Abril desencadeou um amplo movimento revolucionário que deixou marcas democráticas que ainda hoje subsistem, apesar da sua contínua erosão.
As leis da vida não nos permitiram viver directamente essa época. Mas, renovando-se as gerações, permanece viva e actual essa ânsia de liberdade, de democracia, de progresso, de participação, de bem-estar, de estabilidade e de paz.
Por isso celebramos o 25 de Abril de 1974, essa página tão próxima e tão marcante da nossa história --- e por isso, o 25 de Abril e o que ele representa são também o nosso tempo!

OUTRO TEMPO, OUTROS COMBATES
O nosso país e o mundo mudaram profundamente, desde 74 e 75. Hoje, a defesa dos ideais progressistas do 25 de Abril, configura novos combates, com outros protagonistas e por distintas formas.
As gerações do 25 de Abril resolveram tomar em mãos o seu futuro.
Aí está uma bandeira hoje perfeitamente actual!

A minha geração é a geração precária, dos trabalhadores a prazo, a recibo verde ou em trabalho temporário. Há dezenas de milhares de licenciados no desemprego entre os mais de quinhentos mil desempregados. Trabalho com direitos e um futuro garantido --- eis a única forma de assegurar uma cidadania plena e a liberdade.
Em relação a 74, muito mais gente vive hoje nas cidades. Basta olhar para a nossa cidade--- que nem por ser muito maior do que em 74 passou a ser um local mais agradável, onde a qualidade de vida impera e a cidadania encontra um espaço para a sua vivência plena.
Prevalece a construção desenfreada, a falta de equipamentos colectivos e de espaços verdes. Os espaços para equipamentos de fruição colectiva estão a ser alienados mediante compensações por áreas não cedidas, reforçando a “betonização” e agravando as condições de vida. A casa da juventude, espaço de acolhimento e de criação livre destinado aos mais novos continua uma esperança adiada.

O MERCADO CONTRA OS SERVIÇOS PÚBLICOS ESSENCIAIS
O Sistema Nacional de Saúde foi uma conquista da Revolução de Abril e um enorme progresso. Mas esse avanço está a ser comprometido com o progressivo encarecimento no acesso ao sistema e, na nossa cidade, pela falta de médicos.
O direito democrático á saúde é uma exigência de sempre --- de 1974 e de agora!
Aliás, a redução da oferta de serviços públicos é uma afronta às transformações progressistas após o 25 de Abril.
O mercado, entidade abstracta que esconde o mundo das negociatas e dos lucros fabulosos geradores de brutais desigualdades, quer abocanhar tudo. Até a água querem privatizar, estimulando o consumo em vez da poupança desse recurso essencial.
Contraditoriamente, é hoje mais claro do que em 74 que o futuro do nosso país e do nosso planeta passa pela preservação ambiental. Algumas medidas vão sendo tomadas, mas há um longo caminho a percorrer. Também ao nível municipal há que tomar novas iniciativas para poupar energia e para promover a utilização de energias renováveis.

UMA CONTRADIÇÃO ESTÁ A MATAR O SONHO
Vivemos numa época difícil, que as gerações mais jovens vivem de uma forma muito particular.
Por um lado, são vítimas do trabalho precário, do desemprego, dos baixos salários e da ausência de projectos consistentes para o futuro.
Por outro lado são o alvo privilegiado de variadíssimas propostas para o lazer, de um convite permanente ao consumo, de uma agressiva e vasta oferta de produtos e de serviços.
Esta contradição lança muitos na vivência ao máximo de cada momento presente, do que “está a dar” e do “ir vivendo” perigosamente nos limites.
Mas, sobretudo, esta contradição está a matar por dentro um aspecto crucial para o desenvolvimento de qualquer país: está a matar a esperança e o sonho, está matar a criatividade e o entusiasmo de quem, tendo a vida pela frente, é empurrado para o limbo de uma sobrevivência sem perspectivas.


PARTICIPAR E LUTAR FORAM A MARCA DE GERAÇÕES QUE FIZERAM O PROGRESSO
Em Abril de 74, jovens militares interpretaram perfeitamente a ânsia de liberdade, democracia, paz e progresso de um país. Sonharam um país melhor, lutaram por ele e ganharam.
Nós, cidadãos e as cidadãs de hoje, teremos de encontrar as novas formas de participar e transformar a vida, lutando também pelo futuro --- e ganhando-o.
Participar e lutar colectivamente foram a marca de gerações que fizeram o progresso.
Apelo às novas gerações para que hoje esses exemplos sejam seguidos. Celebrar o 25 de Abril, como o fazemos hoje, precisa mais do que nunca dessa cumplicidade entre diferentes gerações de lutadores
Viva o 25 de Abril !

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ALMOÇO DE 25 DE ABRIL PROMOVIDO PELO BLOCO
Um almoço de confraternização e celebração do 25 de Abril, juntou mais de 40 participantes, num restaurante do Cardal. Como previsto, confraternização, boa disposição e a política do Bloco, estiveram no centro da iniciativa. Para o ano, há mais!.

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