sábado, junho 24, 2006

OPEL-AZAMBUJA NÃO É CASO ÚNICO

MULTINACIONAIS COMPORTAM-SE COMO PREDADORAS

INTEVENÇÃO DO DEPUTADO JOÃO CHORA NA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA
(Excerto)

O despedimento nas multinacionais, já se vem a agravar desde há cinco anos. Não é por causa da recessão ou da crise, porque começou quando não havia recessão nem crise – é simplesmente porque algumas empresas multinacionais acham que há outros trabalhadores que podem ser mais explorados.

Foi assim que 58 empresas multinacionais abandonaram Portugal provocando milhares de desempregadas e desempregados.

A Clarks de Castelo de Paiva foi para a China e a Roménia, a Lear de Valongo e Póvoa de Lanhoso foi para a Roménia e a Polónia, a Melka do Cacém e Palmela foi para a Rússia, as Confecções Eres foram para a Bulgária, a Euronadel para a Roménia, a Benetton foi da Maia para a Tunísia, a Hungria e a Croácia, a Indesit Company que foi de Setúbal para a Polónia.

Mas muitas mais empresas multinacionais se foram embora ou reduziram a sua produção e o emprego: a Alcoa, a Shuih Union, a Siemens, a Nestlé, a Texas Instruments, a Boralis, a Goela Fashion, a Rhode, a Ford, a Bawo, a Guerry Weber, a Synfiber, a Vestus, a Vagabond, a Tovartex, a Tyco, a Ecco, a Gabor Fashion, a Maconde, a Eurotêxtil, a Brax, a Decantcofex, a Bombardier, a Philips, a Valeo, a Yazaki Saltano, a Delphi e outras.

Estas empresas não estavam em falência, não tinham dificuldades de encomendas, não lhes faltavam os melhores trabalhadores, não lhes faltavam benefícios de mão estendida, não lhes faltava nada.

Estas empresas que fugiram de Portugal comportaram-se como a praga de gafanhotos que come todas as colheitas e deixa tudo deserto atrás de si. Nenhuma respondeu pela sua responsabilidade, nenhuma pagou pelo que prometeu, algumas até receberam subsídio da União Europeia para se instalarem noutro país depois de terem saído de Portugal.

Por isso, quando hoje falamos da Opel na Azambuja, que é a quinquagésima nona multinacional que ameaça sair nestes cinco anos, saibam, senhores ministros, que já não há nada que surpreenda quem trabalha – e somos a grande maioria do país.

A Opel, a General Motors, está a mentir aos trabalhadores e a todos nós.

Diz que não pode continuar com a empresa aberta porque tem prejuízos. A General Motors não tem prejuízos na fábrica da Azambuja, que é a segunda mais produtiva do grupo na Europa. É simplesmente uma chantagem.
A General Motors quer que lhe paguem 500 euros por cada carro que monte em Portugal, para corrigir com o dinheiro dos impostos de todos os portugueses os seus próprios erros de gestão e de distribuição da produção na Península Ibérica e para depois se ir embora sem apelo nem agravo. A General Motors acha que pode assinar um contrato, depois rasgá-lo e ditar as novas condições sem que ninguém mexa uma palha.
A General Motors quer tomar como reféns os 1.200 trabalhadores, mais os 800 em regime de ‘outsourcing’ exclusivo para a Opel e mais os 4 mil empregos indirectos de fornecedores - 6 mil pessoas no total que ameaça de desemprego. Quer que lhe paguem um suplemento para cumprir o contrato que assinou até final de 2008.

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