domingo, janeiro 06, 2008

OS COMBOIOS DO FUTURO

O FUTURO COMBOIO
DE ALTA VELOCIDADE COMUNITÁRIO
- A opinião de Rui Curado Silva, investigador no Departamento de Física da Universidade de Coimbra

Os caminhos-de-ferro europeus foram em grande medida construídos em função das tensões e dos receios entre os diferentes estados do continente. As regras, as normas e a sinalização eram intencionalmente diferenciadas em cada país de modo a complicar a utilização das linhas no caso de uma tentativa de invasão por um país vizinho. Entre França e a península Ibérica existe uma diferença na bitola das linhas-férreas. A alavanca para acelerar encontra-se do lado direito do maquinista francês e o travão do lado esquerdo, num comboio alemão acontece exactamente o contrário. Exemplos de incompatibilidades deste género são múltiplos em toda a Europa, que têm como consequência complicar a livre circulação de pessoas e de mercadorias através da rede ferroviária da União Europeia.

O projecto MODTRAIN (Innovative Modular Vehicle Concepts for an Integrated European Railway System) tem por objectivo anular os referidos obstáculos históricos entre as diferentes redes ferroviárias europeias, através da construção de carruagens modulares adaptáveis às normas de cada país. O MODTRAIN foi concebido para que os componentes funcionais (como botões de portas e de emergência) sejam facilmente compreensíveis pelos cidadãos de toda a Europa, as interfaces mecânicas sejam compatíveis com todas as normas existentes, o sistema de sinalização seja compatível com as regras de cada país e as carruagens possam ser conduzidas facilmente por um maquinista oriundo de qualquer nação europeia. Outro objectivo do MODTRAIN é a banalização do conceito de alta velocidade, permitindo este tipo de carruagens que um simples intercidades possa atingir os 300 km/h em todas as linhas-férreas da Europa. O MODTRAIN é também inovador no nível de segurança que oferece aos passageiros e no conforto para deficientes e pessoas com mobilidade reduzida.

O orçamento total do projecto é de 30,4 milhões de euros, sendo 16,9 milhões financiados pelo Sexto Programa Quadro e o restante financiado pelos 37 parceiros do projecto, entre os quais se encontra uma instituição portuguesa: o Instituto Superior Técnico. Este é um bom exemplo de uma solução europeia em que a soma do esforço comum é largamente superior à soma dos esforços das partes isoladas.

Sem comentários: