quinta-feira, maio 11, 2006

MENOS SERVIÇOS PÚBLICOS, MAIS PRIVADOS: O GOVERNO PROMOVE O NEGÓCIO

Os hospitais privados aproveitaram a onda de contestação gerada à volta do fecho das maternidades públicas para oferecer ao Estado a possibilidade de contratualização de serviços, dentro dos valores do Sistema Nacional de Saúde, para a realização de partos nas suas unidades, situadas nas zonas afectadas. "O Ministério da Saúde tem um problema e estamos a oferecer a solução. É legítima a pretensão das populações, faz sentido que uma mãe de Braga queira que o filho nasça bracarense", disse ao DN o presidente da Associação Nacional de Hospitalização Privada (ANHP), Teófilo Ribeiro Leite.A associação já fez propostas ao Governo que garantem que se continuem a realizar partos em algumas das cidades ameaçadas com o fecho de maternidades públicas e aguarda respostas. Propostas estas que se enquadram numa lógica mais vasta: "Relembro a reunião tida com o ministro há uns meses, quando propôs às unidades privadas que realizassem serviços de interrupção voluntária da gravidez porque os hospitais públicos não tinham capacidade para tal. Isso nunca foi para a frente, até por questões deontológicas, e sempre dissemos estar disponíveis para uma colaboração mais abrangente", diz Teófilo Ribeiro Leite. Para concluir: "Poderá ter chegado a altura de estabelecer uma parceria mais efectiva na área da ginecologia-obstetrícia."A implantação de hospitais privados com blocos de partos prossegue a bom ritmo em todo o País. Além dos já existentes - essencialmente em Lisboa (Cruz Vermelha, CUF Descobertas) e Porto, mas também noutras localidades, como a Trofa -, estão planeadas novas unidades, a maioria a norte. É o caso do Hospital Privado de Guimarães - "que vai oferecer a realização de nascimentos nos quartos individuais de cada parturiente, como é prática nos Estados Unidos", refere o presidente da ANHP. Em breve vão abrir também unidades em Braga, Valongo, Matosinhos, Porto e Lisboa (Hospital da Luz).

(Diário de Notícias, 11/ 5/2006)

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